Crianças reais que vivem no mundo real, que sofrem as conseqüências econômicas, sociais e culturais constituídas pelas sociedades. Vitimizadas pelas guerras, pelas condições climáticas, pelas artimanhas do mercado, pelas diversas (des) organizações familiares; nas ruas, nos abrigos, nas favelas, nas escolas, nos clubes e parques. Na experiência do cotidiano, frequentemente prevalece a criança como ser em construção, ou explorada no ambiente doméstico e comunitário, ou excluída da escola, vitimizada.
Na legislação brasileira, elas são percebidas como pessoas plenas, cidadãos com direitos. No Estatuto da Criança e do Adolescente, no Artigo 3º, A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
O Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil (1998, v. 1, p. 21), afirma que "as crianças possuem uma natureza singular, que as caracterizam como seres que sentem e pensam o mundo de um jeito muito próprio [...]". Sendo assim, no decorrer do processo de construção e elaboração do conhecimento, "[...] as crianças se utilizam das mais diferentes linguagens e exercem a capacidade que possuem de terem idéias e hipóteses originais sobre aquilo que procuram desvendar [...]" (ibidem). Este conhecimento constituído pelas crianças "[...] é fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação [...]" (ibidem, p. 22).
É importante trazer aqui essas informações, pois influenciaram e influenciam no ato pedagógico dos educadores. Para FREIRE, “A conscientização é um compromisso histórico (...), implica que os homens assumam seu papel de sujeitos que fazem e refazem o mundo. Exige que os homens criem sua existência com um material que a vida lhes oferece (...), está baseada na relação consciência-mundo”. (FREIRE, 1966.)
Portanto, não é possível educar, sem incorporar o ato político.
Essa compreensão deve estar no itinerário das práticas educativas, nos discursos dos profissionais e na pauta das políticas públicas, assumindo o compromisso ético em construir outras infâncias mais felizes para as crianças.
Referências citadas na lista de bibliografias indicadas pelo blog
fonte: VIVIANE APARECIDA DA SILVA
Um comentário:
Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.
Fernando Pessoa
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